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• Quando a Flip escolheu Pagu como homenageada n

• Quando a Flip escolheu Pagu como homenageada no ano passado, a jornalista Giuliana Bergamo parou para pensar o que sabia sobre Patrícia Galvão, foi revisitar a obra dela e passou a refletir sobre caminhos para atualizar o que disse, escreveu e viveu a escritora, jornalista, militante. Viu em mulheres que estão na vida pública hoje uma resposta e escolheu cinco delas que lutam pelos direitos das mulheres, em frentes nas quais Pagu também atuou.
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• Amelinha Teles, Berna Reale, Débora Diniz, Ediane Maria e Lola Aronovich são as entrevistadas deste livro que tem as ideias de Pagu como guia. Elas falam sobre os direitos conquistados, os direitos retirados e os direitos estagnados, e trazem reflexões sobre o que diferentes experiências de mulheres apontam sobre a forma como o patriarcado opera.
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• As entrevistas passam por temas diversos: direitos reprodutivos, trabalho doméstico, direito à moradia, masculinismo, arte, história da militância, autoritarismo, liberdade. Aliás, gosto muito de como cada uma delas define a liberdade - algo que pode estar na autonomia, na expressão pública ou no silêncio. Respostas que parecem distintas, mas são tão parecidas, complementares na inescapável luta política.
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• Este é um livro que acorda nosso assombro, algo de que não podemos abrir mão jamais, como nos lembra Débora Diniz na entrevista. Conhecer as ideias destas e de outras mulheres é aprender (e criar) o léxico de que precisamos para enfrentar o que nos aprisiona. E este é outro lembrete destas páginas: as prisões sociais são muitas, a maioria não tem grades e se camufla direitinho no que a gente chama de dia a dia.
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• Pagus: ousadas e insubmissas, de Giuliana Bergamo. Funilaria, 125 páginas.
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• Achei bonita essa história de uma raposa que

• Achei bonita essa história de uma raposa que achava que vivia sozinha no mundo. Um mundo cheio de cinza, cheio de prédio, cheio de fumaça. Um mundo com cara de fim. A raposa tem um horizonte de arranha-céus, um pano vermelho que protege o focinho e um saco amarelo cheio de smartphones.
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• Faltou dizer que ela tem um megafone, por onde anuncia em alto e bom som que é uma raposa-brasileira, não qualquer raposa. Lycalopex vetulus. Uma raposa que custa a respirar e duvida que está viva. Livros ela não lê, mas sabe bem como usar o celular, ainda que agora eles estejam cheios de problemas.
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• É um livro de muito vazio, como é também o mundo quando a gente vai ocupando sem prestar muita atenção. Nem percebe que a fumaça está tomando conta, nem percebe que a chuva está caindo ácida, nem percebe que pode ter alguém do outro lado da linha quando o telefone toca.
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• Ou percebe. E aí muda tudo. A raposa, que é cheia de respostas, encontra alguém que tem perguntas. Depois eles trocam, e destrocam, e se desentendem na troca. Vão achando na conexão um motivo para ter menos certezas.
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• A raposa não estava sozinha no mundo. Podia ser a última raposa, mas não era a última vida. E quando tem outra vida com a gente o fim do mundo pode ser reimaginado.
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• A última raposa do mundo, de Moisés Baião (texto) e Maria Júlia Rêgo (ilustrações). Cepe editora, 113 páginas.
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• “a morte deveria ser assim, uma última aula

• “a morte deveria ser assim, uma última aula sobre revoluções.” E a vida, como deveria ser? Nos Encurtamentos de Victor Costa, a vida é bastante coisa. É corpo, é rua, é movimento, é gargalhada, é silêncio, é medo, é solidão, é conjunto, é tempo e é espaço. Tudo em fragmentos.
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• Os textos breves nas páginas muito brancas também abrem espaço para fotografias em preto e branco. Um lembrete de que, ainda que a escrita seja lugar de dor e gozo, nem sempre a palavra sozinha dá conta.
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• O narrador escreve sobre os tempos recentes, de 2013 para cá. Fala dos anos em que tivemos que ficar sozinhos, casas fechadas, e dos anos em que não soubemos ficar sozinhos, ruas abertas. Em primeira pessoa, ele narra o presente, mas espreita o futuro. Enquanto arruma as roupas, enquanto ajeita a gravata borboleta, enquanto tem fantasias sexuais, enquanto limpa a cozinha, enquanto lembra do avô confeiteiro, enquanto se refugia no banheiro para abafar a Anitta em alto e bom som que toca do lado de fora.
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• Vamos juntando as peças para formar um corpo, um rosto e uma paisagem, mas o resultado é borrado. Não são só as fotógrafas, o escritor também brinca com as lentes e com o foco. O leitor que lute para enxergar os lugares estranhos e entranhos. Gostamos.
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• Encurtamentos, de Victor Costa. Fotografias de Adriana Lestido, Melissa Haidar e Tuane Fernandes. Patuá, 130 páginas.
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