Deve estar divertido o encontro de Doris Lessing com José Saramago, rindo discretamente do chega-pra-lá que deram em convenções conservadoras e normativas. Há vozes que nunca deveriam se calar, mas quando uma delas se vai só resta comemorar o consistente eco que deixaram.
A escritora britânica que nasceu onde hoje é o Irã morreu aos 94 anos e felizmente nos deixou 50 romances. O Põe na Estante falou há pouco tempo de As Avós, uma obra belíssima, cheia de transgressões encantadoras.
Doris Lessing é considerada uma das escritoras mais influentes do século XX. E não há dúvidas nisso – e não porque ela venceu o Nobel de Literatura de 2007. A autora rompeu com a dominância masculina dentro e fora das narrativas, mas não quis ser lembrada por isso. Queria mesmo é que seus leitores captassem o ser humano em cada página que ela escreveu. Descreveu os humores e os amores – não como os russos, que foram na profundeza da alma, mas com a sabedoria de quem percebe nos gestos, nas palavras e nas minúcias a essência do que há de mais humano.
Eis uma imortal, independente de qualquer academia de Letras.
“Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão. Aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala”.
José Saramago
Olá, Gabriela! Boa noite!
Parabéns pelo texto! O site/blog está cada vez melhor!
E o filme inspirado no livro “As Avós”? “Amor sem Pecado”? O que pensas dele? Será que está à altura da obra da imortal Doris Lessing?
Abraços!
Até mais
Olá, Fabio!
Obrigada, espero que fique cada vez melhor.
Eu ainda não vi, mas alguns colegas que assistiram tiveram opiniões divididas. Uns acharam excelente, outros nem tanto. O que você achou? Está à altura?
Abraços.
Olá, moça! Como vai? Tudo bem?
Sem dúvida! Enquanto estiver nas mãos de uma pessoa tão cuidadosa, tenho certeza de que ficará cada vez melhor!
Ih! Também não vi ainda, não. Tenho algum problema com filmes baseados em livros. Creio que seria presunçoso se imaginasse que sou mais criativo do que os roteiristas, produtores e diretores dos filmes, mas o fato é que costumo me decepcionar com tais filmes. Normalmente, ficam abaixo das minhas expectativas… aquém da minha imaginação! Isso não acontece com você?
Para piorar, vi alguns comentários não muito elogiosos em relação ao “Amor sem Pecado”, o que diminuiu minha vontade de assistir. Mas pode deixar: depois que eu assistir, envio meu parecer.
Abraços!
É, Fábio, filmes baseados em livros costumam ser controversos. Quando assistir, não deixe de contar suas impressões aqui no Põe na Estante…
Abraço.